Vivemos dias de grande tensão.

As estatísticas dizem quantos foram afetados no corpo pelo vírus. Mas o que as estatísticas não dizem é quantos foram e estão sendo afetados na alma.

Sim, na alma.

A alma que é a fonte dos nossos sonhos, desejos, anseios e devaneios. Alma que canta, faz poesia; mas que chora e lamenta. Sim, nossa alma foi também trucidada.

Para o corona corre-se a um hospital em busca da solução. Para a alma corre-se para onde?

Para o corona os sintomas foram divulgados e memorizados. Para a alma cadê está a lista dos sintomas? E como fazer uma lista se cada alma é torpedeada de forma diferente?

Depressão. Tristeza. Ansiedade. Abandono. Solidão.

Não tem alma que resista. E quando não resiste o dono ou a dona da alma se culpa. Se culpa por não ser forte, por não aguentar o tranco, por esmorecer e apitar na curva.

Muitas vezes o dono e a dona da alma não têm com quem conversar. Vai falar para quem que a alma está em pedaços? Às vezes terá que conversar com a própria alma:

- Por que estás assim tão abatida, ó minha alma? Por que te angustias dentro de mim?

Muitas vezes o dono e a dona da alma se volta para Deus e remete a ele estas perguntas. O que segue é o silêncio. Deus não fala nada. Não virá nenhuma voz do céu e também nenhuma pomba ou corvo para trazer algum consolo.

O resultado desse silêncio está em aberto. Resistirá a fé a este martelar impiedoso? Sucumbirá?

Na experiência de Jó aprendemos que num momento que somente o Eterno sabe chegará o dia em que diremos que só o conhecíamos de ouvir dizer, mas que agora os nossos olham o veem.

Enquanto isso e mais uma vez diga para a sua alma: Espera no Eterno.

E eu diria que enquanto espera não ouça outras vozes. Não dê ouvidos aos que dizem isso ou aquilo de você. Por incrível que possa parecer – curta esse momento porque ele tão bonito quanto os outros.

Antonio Carlos Barro